Farsa da Antiga Pindorama, mais uma saga versada de José Mauro da Costa
FARSA DA ANTIGA PINDORAMA
A ciência vence a Farsa
Pindorama, em Tupi-Guarani, significa "terra das palmeiras". Foi nossa primeira denominação, bem anterior à "descoberta" de Pedro Álvares Cabral.
Esta é uma obra de Ficção. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, terá sido mera coincidência
Aos leitores
A saga de Belzebu e Dinato, com as alegorias humanas Todo o Mundo e Ninguém, foi iniciada por Gil Vicente, no ano da 1532 – trecho no Auto da Lusitânia.
Dei um complemento pessoal àquelas suas críticas com a Farsa da Antiga Terra de Santa Cruz (4˚ ed.,2000), quando entraram em cena, também aqui presentes, Plebe e Pouca Gente.
Agora, em 2022, e como consequência deste conturbado momento por que passa todo o mundo – e de modo especial nosso país – retorno à saga versada, com esta `Farsa da Antiga Pindorama`, título e texto em homenagem a nossos irmãos, os índios brasileiros - abandonados, explorados e desprotegidos pelos governos (Art. 22, XIV da Carta Magna).
Em todos os textos, nos anteriores e neste, surgem personagens, diga-se, convidadas por um suposto ser superior.
A propósito, o Chefe do Inferno tem cerca de 85 denominações, dicionarizadas ou não. Vejamos alguns exemplos: Gênio do Mal, Espírito das Trevas, Demônio, Satanás, Belzebu, Dragão, Bruxo do Inferno, Espírito Maligno, Lucifer, Mefistófeles, Anjo Mal, Anjo-Caído, Decaído, Pai da Mentira, Maldito.
Para não pronunciar o nome de `Diabo`, a superstição popular o substitui por vários outros, o que se considera "tabu linguístico", como: Arrenegado, Tinhoso, Coisa-ruim, Excomungado, Maligno, Belfigor, Cão, Chifrudo,Rabudo.
Belo Horizonte, fevereiro de 2022
José Mauro da Costa
Farsa da Antiga Pindorama
José Mauro da Costa
1.
Lúcifer, o mal eterno
Desesperado no Inferno
Seu mau-humor não domina
Tudo errado lá na Terra
Há muitos anos sem guerra
Que será que ele imagina?
2.
Estando de saco cheio
Tratou de arranjar um meio
Para aprontar outra vez
Criou e ficou contente
Um vírus muito potente
Foi isso mesmo que fez.
3.
Nada mais que de repente
Afeta tudo que é gente
Negro, branco ou amarelo
Os índios em cada taba
Incluso o morubixaba
Ninguém foge do flagelo
4.
Em pouco mais de um dia
O vírus se autorrecria
Se espalha muito fatal
Mais uma Babel provoca
Satã se exalta na toca
É outra guerra mundial!
5.
Todo o Mundo está sofrendo
Ninguém a paz merecendo
Padece a Plebe doente
Essa atroz enfermidade
Atinge campo e cidade
Se salva só Pouca Gente
Então Satã, o Maldito
Passa a ser chamado Mito
Após a criação desta crueldade, o Maligno fica satisfeito e também descansou no 7˚ dia. Lembrou-se de Belzebu, que andava sumido. Ele estava...
6.
Belzebu foi candidato
Acompanhou-o Dinato
Como cabo eleitoral
Ganhou eleição no tapa
Num país fora do mapa:
Deputado Federal
7.
Seus asseclas no plenário
Em tosco vocabulário
Indicam a cloroquina
`"Essa gripe vai passar
E o emprego vai voltar
Não precisa de vacina"
8.
E sempre mais ele quer
Para adular Lúcifer
E o chefe ficar contente
Já pensando em vinte e dois
Não vai deixar pra depois
Vai querer ser presidente
9.
Pois dessa demagogia
O eleitor se convencia
E aplaudia esse coveiro
Perde a visão e não sente
Belzebu é tão-somente
Lobo em pele de cordeiro
10.
Justiça ali foi comprada
Inquéritos dão em nada
E a corrupção avança
O Gênio do Mal incentiva
Quanto maior a ofensiva
Mais merece a confiança
Maioria de Zé-ninguém
A exclamar amém, amém
Cheirando a enxofre e soltando fumaça pela venta, Dinato envia mensagem ao Inferno, em Diabês e por whatsapp, pois os demônios também criaram sua rede social, como foi dito anteriormente.
11.
Ao relatar esses atos
Dinato descreve os fatos
Ao severo comandante
Como servo submisso
Assume outro compromisso
Que todos males suplante
Ora...
12.
O Espírito do Mal
Punha fogo num jornal
Que defende o isolamento
Ao receber as notícias
Reviveu suas malícias
Desde após seu nascimento
E Belzebu estabelecido, resolveu transferir Dinato
13.
Dinato está secretário
De outro terrível sectário
O medonho Belfigor
Formado em Economês
É no exército diabês
Chefe do Estado-Maior
14.
Belfigor não dá moleza
Só deixa mal e tristeza
Por onde ele vai ou vem
Criou a gripe espanhola
Na África foi o ebola
E mais a dengue também
15.
Serrilhados são seus dentes
Língua igual a das serpentes
Destruiu Funai e Ibama
E tal como um falso amigo
Deixou sem tanga e abrigo
Os índios de Pindorama
Os Zé-ninguém num só grito
Repetem é Mito, é Mito
16.
Foi sem qualquer cerimônia
Que desmatou a Amazônia
E queimou o Pantanal
Pôs o Rio em corda bamba
Sem praia, turismo e samba
Predou o parque industrial
17.
Cai o ministro da saúde
Dizendo fiz o que pude
E o que fez foi tudo errado
Militar incompetente
Em vez de marchar pra frente
Tornou-se um pobre soldado
18.
O povo do bem se espanta
Horrorizado com tanta
Falta de entendimento
A política interna
E a diplomacia externa
Vivem seu pior momento
19.
Se falar na Educação
Ou no aumento da inflação
Lucifer dana a sorrir
Mas nem tudo está perdido
Se cuida, Anjo-Caído
Seu final está por vir
Também a defenestrá-lo
Tem torcedores do Galo
Deixemos por ora Belfigor a espalhar destruições e maldades. Vejamos o que ocorre durante a praga do Coronavírus.
No Inferno...
20.
Do mal essa correnteza
Sofre uma dura surpresa
A capetada adoeceu
O pulmão arde no peito
Alta febre sem respeito
O Corona aconteceu!
21.
Comprada em algum lugar
Belzebu lhes foi levar
A vacina antifebril
Satanás lhe fica grato
E afirma ser candidato
Nas eleições do Brasil
Mas seu discurso declina
Por ser contrário à vacina
E na Terra...
22.
Provocando um frenesi
Instalou-se a CPI
Como o sol no amanhecer
Será como pó-de-mico
Pra tudo quanto é milico
Que fugiu do seu dever
23.
Todo o Mundo se apresenta
Com a fé que afugenta
Qualquer demonização
`Esteja onde estiver
Vade-retro Lúcifer
Volte à sua escuridão!`
24.
A cura ainda demora
Não é hoje nem agora
Depende de mais cuidado
Pois o Tinhoso não dorme
Quer que Ninguém se informe
E ande Todo o Mundo armado
25.
Não há mal que sempre dure
Sempre surge algo que cure
Homem, mulher e criança
Com enorme competência
Está trazendo a ciência
O mais verde da esperança
26.
São anjos de asa branca
Que entram em guerra franca
Contra o corona mortal
Dia e noite, noite e dia
Levam a luz que alumia
Os doentes do hospital
27.
Profissionais da saúde
Tornam-se heróis na atitude
Contra os ardis de Satã
Todo o mundo então proclama
Dois nomes de muita fama:
A Fio Cruz e o Butantan
28.
Que luta, meu Deus, que luta!
Aqui estão em disputa
O Bem e o Mal outra vez
E Ninguém fica de fora
Do Cão chegará a hora
De pagar pelo que fez
29.
E o pagamento será
Da pior forma que há
Por ser tão incompetente
E o comando tão bisonho:
Pode acordar do seu sonho
De querer ser presidente
30.
Não passa Mefistófeles
Nada mais do que um reles
E desmiolado bufão
Quando passar este inverno
Ele voltará pro inferno
De volta virá o verão.
Após essa cruenta batalha, conclui-se mais uma etapa da Farsa, mandando recado ao Coisa-Ruim e seus
asseclas, que devem estar chorando pitangas com os chifres derretendo e os rabos entre as pernas
31.
Com ciência e muita fé
Ninguém virou jacaré
Arma nunca é solução
Lúcifer foi derrotado
E perdeu o eleitorado:
Vacina é a salvação!
Mais uma vez tá provado
Será o candidato errado
32.
Quanta energia perdida
Na terra bem protegida
O vírus vai pro bueiro
Após tanto reboliço
Satanás viu que o feitiço
Virou contra o feiticeiro.
(Laus Deo)
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